Wednesday, July 18, 2007

Confesso que não gosto de música de brancos

Escrevi certa vez um post para dizer que o Chico Buarque até é bom, mas tem um problema: é branco. Aliás - sendo rigoroso nas palavras - faz música de brancos. Mas chego à conclusão que o problema não é o Chico Buarque, que até conseguiu incorporar um nadinha do negro que há na música brasileira, o problema é a música de brancos mesmo. Que é como quem diz a música europeia, de origem europeia. E não é só a falta de ritmo, ou a bem-dizer a pobreza dos ritmos. Sim, porque se pode ter ritmos com tempos elevadíssimos e ser de uma pobresa franciscana (vê-se disso a rodos na Pop e no Rock), e ter ritmos com tempos lentos riquíssimos. Mas, sim, a pobreza dos ritmos é um problema importante. E depois vem a melodia, com a fatal tendência para a tonalidade, uma praga que grassa toda a música de brancos desde a (dita) erudita até à (desdita) popular. Aquela mania confrangedora da nota andar a passear para voltar sempre ao mesmo sítio - assim do género:"A-le-crim, A-le-crim a-os mo-lhos...". Isto é particularmente evidente nalgumas musiquinhas de cantautores solitários com a sua guitarrinha, que seguramente aprenderam a dedilhar quando andavam nos escuteiros. Verdade seja dita que alguns têm muita poesia, hélas estamos a falar de música. Se têm boa poesia que publiquem uns livrinhos.
Eu pessoalmente sou fascinado pela música negra, que é como quem diz Africana (como este magnífico exemplo que nos trouxe o Daniel Melo, ali mais abaixo). Mas mais ainda sou fascinado pelas músicas mestiças do Novo Mundo (na qual, se não formos piquinhas com detalhes irrelevantes podemos incluir a música de Cabo Verde). Posso dar alguns exemplos de como essas músicas combinam para além da perfeição ritmos e harmonias (lá está um conceiro importante para compreender a música negra), e eventualmente alguma melodia. O exemplos que escolho dependem do estado de espírito, da fase emocional que atravessa a minha existência, e - sobretudo - do lado para o qual acordo virado de manhã. Pode ser o Dizzy Gillespie, e uma mais ou menos longa dissertação sobre a influência do BeBop no Jazz moderno, e não só. Pode ser um discurso sobre as virtudes do Tropicalismo e do génio musical de Gilberto Gil. Hoje estou mais inclinado para Compay Segundo, e para a música Cubana.



P.S. - Dito isto, ainda estou a tentar digerir um SMS que me enviou um amigo quando escrevi o tal post sobre o Chico Buraque, dizia o SMS simplesmente: "Nao te esqueças que mestiço tambem tem branco".

6 comments:

Mandinga said...

Oh meu amigo, desculpa-me de lhe dizer mas você tem uma mente um pouco limitada. A musica é uma linguagem universal e não podemos vir por aqui com esta conversa de brancos e negros. Acho que quem gosta verdadeiramente da musica não pode ter esses tipos de barreiras, cor.
É mau!Olha eu até sou negro, de Cabo Verde.Adoro a nossa musica,assim como adoro a "musica de brancos" pois a minha mente e aberta.Free Your Mind
Mas respeito a tua maneira de ver as coisas, so que acho muito limitado.O mundo é tão diversificado, então,porque havemos de nos limitar?

Zèd said...

Caro mandinga
"O mundo é tão diversificado,..."
Precisamente, o mundo é diversificado, estou inteiramente de acordo. Precisamente por isso a música de origem africana não é igual à música de origem europeia, como nenhuma delas é igual às músicas que resultam da mistura de ambas. Isto não criar barreiras, de cor ou outras, não é uma maneira de nos limitar, é apenas reconhecer que existe uma diversidade. E nessa diversidade podemos gostar mais de umas músicas do que doutras. Como disse no post até gosto mais da música que resulta precisamente da mistura, o que me parece revelar alguma abertura de espirito (espero...).
Também respeito e compreendo a tua maneira de ver as coisas, só que acho que me interpretaste mal, fizeste uma leitura "demasiado linear" do meu post. Acho que no fundo estamos de acordo.

Mandinga said...

Zed,
Ok, reconheço que talvez possa ser um erro meu de interpretação, e não me leve a mal.Entretanto irei reler o post para ver se consigo tirar dela uma outra interpretação.Isto é normal acontecer.ninguém é perfeito?
Na boa.

Zèd said...

:-)
Na boa!
Gostei do teu blog, vou voltar para ver com mais tempo.

SkatePunk said...

Vá para onde é seu lugar, caro amigo afrodescendente. E nao se esqueça de levar essa escória chamada de "samba"

Unknown said...

ha ha ha ser macaco e´isso ter vergonha de ser primitivo povinho patetico hahaha