Tuesday, May 29, 2007

As rádios e o 3

Há uma relação mística que ainda não nos foi explicada: a predilecção que as melhores rádios têm pelo número três. Talvez encontremos a resposta na Quinta da Regaleira, ou num disco do Nusrat Fateh Ali Khan, não sei. Também não descarto a teoria de que sou um grande ignorante e que uma evidência absolutamente gritante me esteja a escapar.

Um dos melhores exemplos é, evidentemente, a BBC Radio 3, que se constrói a partir de sonoridades clássicas, jazz, a chamada World Music (ou seja, música feita neste planeta; tudo o que é feito em Neptuno, por exemplo, não entra nesta rádio) e a chamada New Music (ou seja, música nova). Mas há outras rádios "3" que vale a pena mencionar: a Radio 3, de Espanha, e a CBC Radio 3, do Canadá.



A Radio 3 merece ser ouvida pelas seguintes duas razões: 1) a grande variedade das suas playlists, que cobrem todo o espectro não comercial (e que chegam a passar, imagine-se, música portuguesa); e 2) o desafio de poder ouvir um locutor espanhol dizer o nome de bandas como ...And You Will Know Us By The Trail of Dead sem se desmanchar a rir.



A CBC Radio 3, por outro lado, disponibiliza-nos dezenas de concertos e sessões, podcasts, um media player, etc., com sons "alternativos" (ou seja, não nativos). Vale a pena.

Recomendo vivamente linkarem estas rádios aos vossos "favoritos". Já agora, lanço-vos também o desafio: se tiverem o mesmo tipo de problemas mentais que eu, pesquisem outros exemplos de "rádios 3" para juntarmos à colecção.

P.S.: reparem que não mencionei a Antena 3. Foi de propósito.

Thursday, May 24, 2007

Televisão na Radio


Os TV on The Radio (carinhosamente tratados pela família e amigos por TVOTR) lançaram recentemente um EP ao vivo, intitulado Live at Amoeba Music - 4 canções não inéditas ("Wolf Like Me", "Wash the Day Away", "Blues From Down Here" e "Province"), registadas ao vivo num sítio chamado... Amoeba Music! Para celebrar este facto, os TVOTR deslocam-se de propósito a Lisboa para uma performance ao vivo no SBSR, a 5 de Julho.

No entanto, se há uma razão pela qual os TVOTR são uma banda fenomenal, é a seguinte: no seu EP de estreia (Young Liars, de 2003), fizeram uma versão inesquecível de uma das canções mais geniais dos Pixies, "Mr. Grieves". Para quem gosta destas histórias de covers, esta é uma para recordar [e aqui começa mais um momento de conhecimento irrelevante]: a canção é cantada a cappella, e o vocalista dos TVOTR, Tunde Adebimpe (que, como o nome indica, é de Olivais Sul) gravou nada mais nada menos que 28 faixas da sua própria voz para compor o coro. Noutras palavras, é um one man choir.

Mas nada disto interessa quando comparado com o que vou dizer a seguir. Esta canção não tem videoclip. No entanto, na era youtube, em que, como afirmou a revista Time, eu fui a personagem do ano de 2006 (eu, não vocês), não há nada que não se resolva. Preparem-se para um momento de intensa performance artística inspirada por uma profunda espiritualidade.





A música: "Mr. Grieves" (original dos Pixies)

O intérprete: TV on the Radio

O dançarino: um gajo qualquer com uma noção interessante da palavra "ridículo".

Monday, May 21, 2007

De onde vem José González?

José González re-editou, em 2006 (pela Mute), o seu mui aclamado disco de estreia, Veneer (que já vem de de 2003). O disco é tocado praticamente por inteiro só com voz e guitarra acústica, o que fez com que alguém falasse de "bedroom songs" para descrevê-lo. A ser verdade, isto coloca alguns problemas. Por exemplo: é um bocado complicado fazer um concerto entre o sommier e o camiseiro.

Mas prosseguindo, talvez a característica mais interessante deste músico é o facto de ele ser... sueco. Talvez o seu nome nos tenha levado ao engano. Pelo sim pelo não, apresento aqui uma prova:





Especime típico de raça sueca, masculino, 1'78 m



Se ainda não acreditam em mim, acrescento mais alguma informação falseada: ele nasceu em Göteborg (na Maternidade Jonas Svensson, do lado esquerdo de quem vai prá Câmara Municipal, ao pé do Starbucks). Apenas uma pequena parte da frase anterior é mesmo, mesmo verdade. Toda a verdade, a sério, no site do rapaz. Seja como for, acho piada suecos com nome de espanhóis. Têm o seu quê de João Varela, sucessor de Pim Fortuyn. Aqui fica, também, uma amostra: "Crosses" (que também já foi remisturada pelos Zero7, se não me engano)

Já agora, uma pergunta que ninguem foi ainda capaz de responder: porque é que um músico que pratica o seu ofício apenas com a sua guitarra acústica (tipo este rapaz, Nick Drake, o "primeiro" Bob Dylan, Zeca Afonso, etc., etc., etc.) é invariavelmente um "escritor de canções" (em inglês, singer/songwriter) ou um "cantautor" (em inglês, cantauthor), e um "gajo duma banda rock" é apenas um grande maluco? Porque é que, por exemplo, o Angélico dos DZRT não pode ser um cantauthor?
Pensem nisto nas vossas férias, depois voltamos a falar. Para já, deixo apenas uma pista:
o Angélico não escreve as suas próprias músicas.


Não consigo, ainda, não vos deixar uma pequena pérola dele: uma versão de "Love Will Tear Us Apart", dos Joy Division - que, infelizmente, não eram suecos.



Sunday, May 20, 2007

Jazz dispute

Simplesmente magnífico!, e a banda sonora só poderia ser por Dizzy & Bird, obviamente.

Via anauel (por sua vez via Juramento sem bandeira)

Thursday, May 17, 2007

O novo "menomeno" musical




MENOMENA é um trio de Portland (em português, a Terra do Porto, ou seja, tudo o que é do Mondego para cima). Depois de lançar em 2004 o seu álbum de estreia, intitulado I Am the Fun Blame Monster! (que, para aqueles que, como eu, cultivam o conhecimento inútil, é um anagrama de "The First Menomena Album!"), editaram em 2006 Under an Hour (que não é anagrama de nada), album de três músicas, composto como banda sonora de uma peça de dança moderna (um eufemismo para descrever pessoas com problemas psicomotores). Este ano, lançaram o genial Friend and Foe, que recomendo aqui e cuja capa postei acima.


Musicalmente, eu descreveria os Menomena como sendo «muita bons» (ou, em vernáculo, «do c#$"%&o»). Fica aqui uma amostra:






Atenção ao videoclip, que incorpora alguns dos elementos transcendentais da "filosofia do futuro de Nietzche (em Para Além de Bem e Mal)...

Tuesday, May 15, 2007

O sonho de Anne Bancroft

Spleen United

E agora para algo muito bom!! São dinamarqueses.

Monday, May 14, 2007

Acontecimento musical do ano: Daydream Nation, dos Sonic Youth


O album Daydream Nation, dos Sonic Youth (1988, Enigma/Blast First) foi um dos 50 albuns seleccionados pela Library of Congress estado-unidense para integrar o National Recording Registry. Esta notícia é apenas aparentemente banal, já que estamos a falar dos Sonic Youth. E um dos melhores discos da história. Não são só a Rolling Stone ou a Spin Magazine que o dizem: também eu - um grande ignorante relativamente a este e outros assuntos - o afirmo com toda a frontalidade.

Para celebrar este acontecimento, os SY vão reeditar Daydream Nation em versão deluxe, com o disco original remasterizado, versões demo e ainda o próprio disco tocado ao vivo. Por falar nisso, a banda também irá fazer uma série de concertos onde tocará o disco de início ao fim, seguindo o alinhamento original do mesmo.

Já que os SY não me convidaram para tocar com eles, faço a minha própria celebração deste momento, com a música "Schizophrenia"(que por acaso nem é deste disco, mas de Sister, o anterior - mas isso é um detalhe sem importância), interpretado por um conjunto de idosos. Quem conhecer a versão original desta música e as letras perceberá logo o porquê das expressões nas caras dos cantores.


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Saturday, May 12, 2007

Descoberto inteiramente por acaso...


Les Jeunes ça craint, les vieux c'est mieux - Joe La Mouk

Thursday, May 10, 2007

The National - Mistaken for strangers



Do disco “Boxer” que está prestes a sair em França. Para aqueles que não conhecem The National só posso aconselhar o penúltimo CD “Alligator”.

Thursday, May 3, 2007